sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Matas + preservação – $ = H2O


Afonso Capelas Jr. - 22/11/2014 às 13:14

NASCENTE_3_OKNeste momento muitos políticos discutem a viabilidade real de implementar obrashoméricas e dispendiosas para dar conta de resolver o problema da crise de água nas grandes cidades brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, as possibilidades vão desde a construção de mais reservatórios para aumentar a capacidade do Sistema Cantareira até a dessalinização (!) da água do mar do litoral paulista para encher mananciais, passando pela transposição do rio Paraíba do Sul para abastecer cidades paulistas.
Ninguém, entretanto, tocou em um assunto que é o básico do básico, mas importantíssimo: proteger e conservar matas nativas e ciliares nas proximidades das bacias hidrográficas e reflorestar regiões onde elas já foram devastadas.
Sim, porque a natureza é quem dita as regras: quando está preservada a vegetação nativa é garantia de água perene, mesmo em longas estiagens como as que estamos vivendo. O verde fornece a umidade que evapora e se transforma em chuva. De quebra afasta o perigo do assoreamento de mananciais protegendo nascentes, córregos, rios e lagos.
Semana passada a ONG The Nature Conservancy (TNC) publicou um extenso e minucioso relatório chamado de “Mapa dos Recursos Hídricos Urbanos” (Urban Water Footprint, em inglês) provando justamente o princípio de que proteger a natureza traz mais água para as cidades. Constata ele que investir na conservação das matas nativas, além de muito mais barato, é mais eficiente e beneficia as comunidades locais e a vida selvagem.
Elaborado em parceria com o C40 – grupo formado por prefeitos de 40 das maiores cidades do planeta, incluindo São Paulo e Rio – e com a Associação Internacional de Água, o documento faz recomendações sobre como revitalizar os recursos hídricos e melhorar a qualidade da água.
Entre outros pontos o estudo mostra que uma em cada quatro cidades de qualquer parte do mundo teria retorno financeiro maior do que aquele gasto na conservação de nascentes.
Diz mais: “A conservação de bacias hidrográficas economiza dinheiro para os serviços de utilidade pública de outras maneiras também. Por exemplo, investir nas estratégias de conservação poderia reduzir as despesas de capital do tempo dos serviços de utilidade pública, uma vez que as cidades poderiam continuar usandotecnologias mais baratas de tratamento da água ao invés de recorrer a tecnologias cada vez mais caras. A conservação de bacias hidrográficas também gera valor para as cidades além do tratamento da água, incluindo recreação, desenvolvimento econômico e biodiversidade”.

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